quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Minguante

Ah quem me dera que tudo fosse um sonho
e o sonho uma realidade.

Lá fora na rua sou cada papel,
que na minha vida cabe.
Sou uma onda sem mar,
um mar sem maré.
Sou vento que uiva sem se ouvir,
Sou, simplesmente, pela metade.

sábado, fevereiro 04, 2006

Encontrei-me e Perdi-me

Encontrei-me sozinha entre aquelas quatro paredes brancas.
Estava frio.
Um frio que nos chega aos ossos e nada nos aquece. Aquele frio de que quem nos toca sente-nos quentes, mas, trememos do frio que nos vem de dentro.

Olhei à volta.
Vazio.
Sem portas, nem janelas.

Entrei sem saber e não consegui sair.
Como aqueles vícios que começamos a ter sem dar conta e não conseguimos deixar de os ter. Ou, aquelas pessoas que entram no coração e não sabemos como as tirar de lá

Ali estava eu.
Naquelas quatro paredes que lentamente começavam a ganhar forma.

Mas, subitamente, as quatros paredes movimentam-se a uma velocidade frenética que me deixava atordoada, ansiosa, sufocada.

As paredes eram vermelhas, pretas, amarelas, verdes, as cores alteravam-se em fracções de segundo à medida que apareciam e desapreciam janelas e portas de ferro, cerejeira, carvalho, plástico... Uma, duas, três, nenhuma.

Tento aproximar-me das portas, quase que lhes toco, desaparecem, mudam de sítio.

Já não consigo sair daqui.