sábado, fevereiro 04, 2006

Encontrei-me e Perdi-me

Encontrei-me sozinha entre aquelas quatro paredes brancas.
Estava frio.
Um frio que nos chega aos ossos e nada nos aquece. Aquele frio de que quem nos toca sente-nos quentes, mas, trememos do frio que nos vem de dentro.

Olhei à volta.
Vazio.
Sem portas, nem janelas.

Entrei sem saber e não consegui sair.
Como aqueles vícios que começamos a ter sem dar conta e não conseguimos deixar de os ter. Ou, aquelas pessoas que entram no coração e não sabemos como as tirar de lá

Ali estava eu.
Naquelas quatro paredes que lentamente começavam a ganhar forma.

Mas, subitamente, as quatros paredes movimentam-se a uma velocidade frenética que me deixava atordoada, ansiosa, sufocada.

As paredes eram vermelhas, pretas, amarelas, verdes, as cores alteravam-se em fracções de segundo à medida que apareciam e desapreciam janelas e portas de ferro, cerejeira, carvalho, plástico... Uma, duas, três, nenhuma.

Tento aproximar-me das portas, quase que lhes toco, desaparecem, mudam de sítio.

Já não consigo sair daqui.

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