domingo, março 13, 2005

Saudades

Abri-te a porta e estavas sorridente, não percebi o que te fez vir ter comigo nesse dia, mas estavas particularmente bem disposto. Conversámos horas a fio sobre trivialidades enquanto os nosso olhares diziam aquilo que realmente queríamos. Todas as desculpas eram perfeitas para um pequeno toque, para nos voltarmos a sentir. As saudades que eu tinha de te sentir... e tu também...
Parámos, olhámo-nos e abraçámo-nos, num abraço que queríamos que pudesse durar só mais um bocadinho... e mais um bocadinho. Várias foram as tentativas em vão de nos largarmos, mas sabíamos que tinha de ser... nunca percebi muito bem porque tinha de ser, mas tinha de ser e era isso que importava.
Trocámos miminhos e carícias sempre na lembrança do quanto eram efémeras, sempre foi isso que me deixou triste quando estava contigo: a efemeridade dos nossos momentos. Nunca os soube aproveitar realmente.
Mas, ali estávamos nós, mais uma vez, sentido-nos, sentindo o teu cheiro, o teu toque, a tua pele... como pode isso saber tão bem!
No entanto, sabíamos que não podíamos, simplesmente, matar saudades porque isso traz-nos ainda mais saudades. Saudades essas que não chegam para ultrapassar as barreiras que nos separam. Barreiras que tu criaste dentro de ti, barreiras que tu trouxeste para mim, barreiras que eu construi para não sofrer tanto com as tuas barreiras. Tudo isto acaba por ser um mundo complicado de mais para se poder lutar, onde tudo são barreias e eu já não te conheço e tu já não me conheces.

Mas, mesmo assim, sabe tão bem sentir-te...

2 comentários:

Rain disse...

Gostei imenso! Fez-me lembrar uma certas coisas, mas eu acho que esses momentos fugidios são bons e maus. São bons pela expectativa, pela saudade, pela novidade. São maus porque nos esvaziam quando nos separamos..
Mas mais um beijo vale sp a pena, não é? ;)

Rosa Cueca disse...

Bem descobri agora este teu cantinho e adorei tudo...
Desde o template às palavras lindas ;).
Certamente irei passar aqui mais vezes :)